Assim os nobres precisam ter em vista que são embaixadores da Casa aonde estiverem. Quando a Chefia de Casa estiver distante geograficamente de um local e este for acessível ao nobre, este deverá representar a Casa.
Uma das grandes chagas sociais do momento em que vivemos é a indiferença, o individualismo. Não há mais visitas de cortesia e as relações presenciais interpessoais estão rareando.
Neste cenário existem tarefas de uma casa de nobreza que precisam ser cumpridas pelo Corpo de Nobreza respectivo e precisam ser cumpridas com satisfação e pertencimento, pois só se vive uma vez e festas, velórios e cerimônias acontecem uma vez apenas (mesmo que no caso do aniversário, por exemplo, se repitam nos anos seguintes, as pessoas poderão se mudar, falecer e isto evidencia que cada oportunidade na vida é única e irrepetivel).
Atualmente a moda é alegar falta de tempo e excesso de ocupações. Poucos refletem sobre a rudez desta escusa. Pensemos bem antes de alegar excesso de ocupações para não cumprir os deveres para com a chefia dinástica, seria o dinasta porventura um desocupado? Ou será que ele é tão ou mais ocupado do que todos, mas se esforça, pois valoriza as pessoas?
Esforce-se! Pense que em muitos momentos houve esforço do príncipe em relação a sua vida, inclusive mantendo uma estrutura e imagem de dignidade pessoal para representar uma casa, uma nação, o que seja.
Os príncipes que conheço são pessoas ocupadíssimas e dão conta dos seus afazeres, pois sabem que as suas vidas testificam, suas vestimentas testificam, sua postura e discursos testificam. Estamos guardando tradições e participando e um momento cultural muito importante: resistência para renascimento do Ocidente. Estes deveres serão negligenciados por mais quanto tempo?
A vida é um sopro e os anos estão voando. Algo que alguém deixe de começar hoje provavelmente será iniciado em meses ou anos. Isto tudo é tempo perdido. Comece a ser excelente agora, reinvente-se e revista-se da dignidade de nobre agora. É urgente.
Sempre há que se estudar e viver o Protocolo, sempre há que se estudar e viver a História, sempre há que se estudar e viver a Linguística, sempre há que se estudar e viver o Movimento corporal, isto tudo é para a vida. Para o ensino das crianças, tudo isto é urgente!
E compareça, se doe, não seja o “pomposo ocupadíssimo” que sempre prestigia atos políticos republicanos ou iniciativas diversas e doutro lado está sempre ausente, mesmo de ligações e video chamadas da Casa (quanto mais de eventos da Corte, nem satisfação…).
Por fim, por mais que o investimento de tempo e trabalho com a doação de sua presença seja significativo, não terá sido perdido, pois “tudo vale a pena, se a alma não é pequena” como dizia Fernando Pessoa. Porém, uma hora, sua veemente ausência transparecerá desdém e sendo desdém não há razão para continuar com o vínculo com a Casa. Caso não seja esta a sua intenção, é bom mudar de postura. Uma Casa não precisa ser grande (a Casa Orleans e Bragança brasileira no Segundo Reinado não o era) mas precisa ser forte. E não se constrói força com fantasmas e egoístas.
Belíssimo artigo. Parabéns!